SEJAM BEM VINDOS!

POEMAS

CANTO MISTO EM SOL MAIOR

Sossega o facho menina,
sou muito macho,
eu mergulho no riacho,
só para ate ver.
Mas se você não me quiser,
digo adeus e vou embora,
levo aqui na memória,
a saudade de você.
Sou cantador, já cantei a lua cheia,
cantei a linda sereia,
te cantei pra variar,
mas se você não se incomoda,
pinto o sete e ta pintado,
amarro a solidão danada,
e jogo no fundo do mar.
Canto calango, tango, valsa e forró,
canto bonito e afinado,
canto misto em sol maior,
mas se você quer escutar,
canto um conto caipira,
canto a noite e canto o dia,
te canto no popular.
Sou violeiro, sete letras tem meu nome,
já bati num lobisomem,
sou pior que Lampião,
mas se você não acredita,
juro não fico zangado,
te cantei e ta cantado,
dei o nó e ta atado,
canto bonito e afinado,
canto misto em sol maior.

SOMOS HUMANOS, NÃO SOMOS ZUMBIS
Ganhei o fácil presente da vida,
joguei, gastei e nada guardei,
fui uma das muitas baratas que existe,
mergulhei e me empanturrei no melado.
O fácil chegou, eu não valorizei,
o fácil foi pro ralo, com a minha ação;
momentos variados eu provei,
aluno da vida eu sou, fiz a prova e fui eliminado.
Estou agora recomeçando do ponto zero,
quero, vou e já estou recuperando,
o sentimento amor que eu não acreditava,
hoje sinto e vivo o amor e amar eu quero.
Tenho minha vida e os meus amores,
sou agora um bom jardineiro cuidando das flores,
vivo a verdade, no meu dia a dia não há hipocrisia,
sinto a pureza da paz, a verdadeira alegria.
Seres humanos no amor não acreditam,
não dão chance para esse sentimento chegar,
trancam as portas dos seus corações medrosos,
vivem valentes bebendo o prazer que mata.
Fecham as luzes dos seus pensamentos,
apagam as portas não deixando o amor entrar,
dormem em pesadelos o menino e a menina.
O que nos chega fácil,
fácil vai embora se eu e você permitir.
Você ta rindo, oba que felicidade,
parabéns pela primeira vez que você vive a verdade,
sinta o gosto, poluído é o sabor da mentira,
ainda é tempo, viva o agora e apague o passado.


APAGÃO
Longa estrada, pensamentos a mil por hora;
a noite misteriosa convida para o prazer.
Corpos esculturais se banham na balada,
sedentos de paz, mas bebem a guerra;
famintos de amor alimentam-se de ilusões;
choram a solidão, olhares se cegam no clarão.
Ignorantes não escutam o aviso da vida,
a morte, tranquilamente, sorridente aguarda
um ou muitos sabichões que sabem nada do nada,
driblaram tantos e quantos ainda brincam.
Chutaram e apagaram quebrando a luz,
famosos corpos aparecem nos jornais,
moços belos, lindas moças deterioram sem vida.
Os caretas são humilhados,
os espertos são eliminados.



FÉ NO NÓS
Como vou acreditar no amor que dizem que existe?
Amei e dei o meu tudo pensando que tinha amor.
No início foi bom, mas o tempo passou,
trazendo a palavra rotina e suas companheiras,
que é a falta de diálogo, o descaso e desrespeito;
chegou também o desprazer e a ignorância.
Carente de carinho e nas garras da solidão,
caí no sono e sonhei com o verdadeiro amor,
acordei e tomei a decisão:
expulsei do meu EU o pobre sentimento que nada tinha de bom,
abri a porta e as janelas do meu coração
e gritei, convidando o tal amor puro.
Como uma estrela cadente senti algo em mim,
incrédulo ainda observei e vi que eu tinha um maravilho e gostoso amor por mim.
Eu me amo e agora acredito no amor,
não vivo uma fingida e hipócrita vida.
Sentir um poluído prazer eu não quero,
ter um carinho doente comigo não.
Sou e somos filhos, frutos do verdadeiro amor,
o mundo somos nós e temos que nos valorizar,
quem cala vai viver reclamando e incrédulo;
quem fala vive a verdadeira e viva vida.
O acreditar no nós é excluir o medo,
humanos corajosos praticam a desumanidade;
humanos verdadeiros medrosos vivem a verdade.
A verdade, o amor é o eu e você.
Vamos viver?



 EU ME AMO
Agora estou arretado,
vou plugar na tomada o foda-se,
estou mandando pro sétimo do inferno
essa tagarela e pobre sociedade
que quer ser dona da minha vida,
quer direcionar minhas nítidas vontades.
Meu querer e gostar são totalmente meus,
desejo e sinto o prazer do fruto ou fruta,
catapulta jogou na distância meu preconceito,
dorme um sono tranqüilo minha consciência,
escancarado e desinibido é o meu dar e ter,
cuido de mim e do que é meu e você vai se fuder.
Amo meu corpo de menino ou menina,
vacinado fui e estou sua fala não me contamina;
sou o que você quer, mas não sou pra você;
quero amor e amar, sentir e dar prazer,
cair nas suas garras enrustidas não vou,
autodidata eu sou e você é um reprimido Mobral.
Minha moral voa nas asas da liberdade,
minha vaidade vai à luta sem nada temer,
não sou avestruz que ao ouvir o mínimo ruído
enfia a cabeça na areia das suas vontades,
joga ao vento suas palavras vazias,
você morre a cada segundo, eu vivo assumindo meu mundo.
Vida, eu vivo a minha;
cuide da sua e dos seus.
Você quer? Então vai e se exploda.



 INDUZIDO SONO
Não te desejo mal camarada,
camarada um dia meu e nosso você foi,
foi, teve e ganhou o que muitos almejam,
velho que viveu e nada aprendeu.
Gargalhava voando com sua asa de cera,
chora agora com o calor que derreteu seu ego,
pregos enferrujados entram nos seus pés,
seus atos fecharam as portas que era seu lar.
Quantas vezes a vida viva te avisou,
você sente a dor e é amigo do ferro que sem piedade na amizade você enfiou,
suas lágrimas não comovem mais quem te amou.
Poderosa podridão é o cobertor que te cobre,
juros impiedosos divulgam seu nome,
retrato da sua deslavada cara está estampado
nas camisetas coloridas da sociedade.
Roda da vida te deu a sobriedade,
embriagado quer chamar a atenção,
até os vira-latas não te conhecem,
novo dia chega e você não acordou.
Braços e mãos cobertos de vaselina
estão estendidos na sua direção,
quem sabe um dia você consegue
ter quem um dia te alimentou.




UM INFINITO
Diz pra mim o porquê desse medo,
medo que eu observo nos seus olhos,
olhos querendo um ombro amigo,
amigo que te abraça e te guarda,
guarda sem nada exigir dentro do coração.
Coração que bate ao sentir o seu eu,
eu que te leva ao verdadeiro amor,
amor cúmplice que nada tem de egoísta,
egoístas são as palavras das suas amizades.
Amizades que te usa como um mero objeto,
objeto humano carente vive indefesa,
indefesa espera seu sonhado príncipe,
príncipe que chega num jegue manco,
manco desbotado ta o seu presente,
presente distante turvo de fumaça,
fumaça tóxica da descarga do calhambeque.
Calhambeque importado ta exausto,
exausto passageiro quer ser motorista,
motorista dirige com atenção na estrada,
estrada perrengue que dói a mente,
mente que domina o corpo da menina moça,
moça, mulher que abre a porta do seu ser,
ser que exige o gosto gostoso do sentir,
sentir o sentimento da filtrada verdade.
Verdade para quem ainda acredita que existe,
existe no eu e no você.
Você que acreditou em mim que sou seu,
seu tudo e o meu juntos somos um.



 VOCÊ E O NÓS
Não quero que você sinta
uma coisa estranha que dói,
um olhar que queima como brasa,
uns cambaleantes passos para o nada.
Olho com seus olhos e choro,
falo com sua voz e fico mudo,
ando com seus passos e o tombo é certo,
penso com sua mente e vou para o vazio.
Vamos juntos olhar o céu,
que está pedrento e nós não sabemos
se vamos ter chuva ou vendaval,
o mal eu pra você não quero.
Sou seu intocável cavalheiro,
sempre pronto pro fel não te tocar,
abro meus braços te chamando,
estou aqui pro que der e vier no seu chegar.
Mané ruela prepotente, um bobão valente;
vira-lata raquítico fez e faz ele tremer,
violeiro simplório abraça a amiga viola
canta a experiência do que viveu e viu.
Eu, seresteiro, canto em lágrimas a saudade,
saudade dos gestos e risos da inocência,
inocência que tudo percebe e é sábia,
sábia sabedoria que em nós enferrujou.


 TRILHAS AFIADAS
Que fere mais?
O medo da verdade ou a coragem da descarada mentira?
Trilhas, preferência dos apressados alienados humanos andam sorrindo.
Viúvos e viúvas de esposos e esposas vivos deslizam na vida dividindo as dívidas.
Escrevo letras de músicas ou poemas, nem sempre vais ler as famosas rimas primas.
Pais, mães, filhos e netos, famílias de ilhas invadidas pelos curiosos turistas,
poluidores, exímios parasitas, fixam seus corpos, tomam e domam a
natureza indefesa que implora pela vida.
Paz virgem, vertigens dorme no horizontal sono profundo,
agudo chamado do reprodutor.
Eunuco canta o grave pra rainha, chora o rei no colo da mãe madrinha.
Um canto de ninar se ouve tipo campainha.
Trânsito engarrafado, calmante pra mente, fatal enfarte abraça os corações.
Aberta a velha não cicatrizada ferida; grades guardam os humanos masoquistas
conquista dos temporários empresários.
Derrota dos divulgadores da vida viva.
Troféu para o que respeita o por do sol, olho bento prepara com respeito o final.


 FALA

Já sei de cor seu repertório
sou seu macaco de auditório.
Já aprendi até tricotar
fiz um suéter pra te agradar.
Minhas vontades perderam as asas
meu corpo de Ícaro está no chão.
Meu sono de véu já foi pro brejo
meu pulo de sapo perdeu pra rã.
Ganhei um zero no caça-palavras
dois pés no traseiro de ti capitão.
Implorei a Baco Eros e iara
riram de mim, será esse meu fim.
Guardei o papel pra limpar a cara
fiquei vendo no espelho minha transmutação.
Hoje eu dei brilho nos seus desejos
dei milhões de beijos nas suas botas.
Já sei de cor seu repertório
sou seu soldado meu capitão. 

RISO MOLHADO

Quantos segundos ansioso esperei
minutos molhados fiz de um tudo pra ver.
Horas, dias, meses e anos  derrubaram
 meu corpo, meus passos desidratados caminha.
No meu quarto, no sofá da sala, na rua ou na nossa cozinha
te vejo e você esta em tudo e no meu faz de conta viver.
Eu me engano pra mim mesmo menos pra você
me liguei e estou plugado se me desconectar é o meu  sofrer. 
Como te quero, mas o querer é meu e eu sou
quem muito te ama
 hoje, agora e sempre.
Assim puro e simplesmente.

O PLANTADOR

Fingir que não viu o corpo pedindo socorro,
filmar os miseráveis abandonados nas ruas,
levar um pratinho de sopa por mês,
falta do que fazer doente imaginação,
mesa farta, boa vida, valiosa mansão,
pobre vivente com ferro fundido, Tum- Tum coração.
O falido uma invejável fazenda ganhou,
terra forte esperando a pura semente,
olho de Itu semeou e plantou, hum
cuidadoso, malicioso, rega a plantação;
braços fortes, força tem seu poder,
a colheita ta chegando, o celeiro dos sonhos espera.
Proprietário plantou variadas sementes
mas o poder não deu visão pra pureza,
semente que o alimentou ta esquecida,
gananciosamente ta vivendo a vida
suas vestes, suas falas é o importante,
pobre ignorante a colheita o derrubou.
Quem sou eu, quem é você e quem somos nós?
cuspir no prato que sua fome matou,
bater no rosto do bondoso que te ajudou,
zombar do maltrapilho que boas vestes te deu,
jogar na ribanceira o tudo que recebeu,
come, veste os frutos que hoje você colheu.

REFLEXO DE NÓS

Quem ta hoje lá no topo
amanhã pode estar na tábua da beirada.
Assim é a gigante roda da vida:
valorize a vida que a vida te valoriza.
O amor ama quem respeita o amor
a paz existe no bom e no mau ato,
o sentimento triste ou feliz
está na estrada de terra ou no asfalto.
Não esnobe quem bem te quer,
somos seres humanos perecíveis:
a casca maravilhosa, o ego sobe
o interior um horror, zero é o valor.
Pensamento desnutrido anda trêbado,
poeta escreve as metáforas do nós
bom de ver e voar do majestoso albatroz,
ruim de ouvir o riso das famintas hienas.
Quantos traidores crucificaram Judas,
milhões brincam com nosso Jesus.
Praticar o bem viver é fardo pesado
a irmandade moderna é palavra, balela.
Convulsivo está agora e no já,
caçador voltou de estômago vazio,
sonhos, presentes recheados de pesadelos
fazendeiros falidos, ricos agora vivem.

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